VII Trocando em Miúdos discute a diversidade sexual

Categoria(s):  IDENTIDADE TRANS, Notícias   Postado em: 01/06/2006 às 15:30

No dia 29 de maio, profissionais, estudantes de psicologia e outros interessados se reuniram no auditório do CRP-RJ para realizar VII “Trocando em miúdos”, que teve como tema “Diversidade Sexual – o encontro da diferenças”. O evento teve a exibição do documentário “Borboletas da vida” (veja sinopse e comentário do filme), de Vagner de Almeida, sobre o cotidiano de jovens homossexuais dos municípios de Austin e Nova Iguaçu e contou com a participação de Claudio Nascimento, ativista do Grupo Arco Íris e da ABGLT, de Marjorie Marchi, presidente da Associação de Transgêneros do Rio de Janeiro e de Josias da Silva Freitas, da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA).

Roberto Pereira, do Centro de Educação Sexual (CEDUS) e representante da Comissão de Direitos Humanos do CRP-RJ, iniciou o evento, citando trechos de uma cartilha do Ministério da Saúde contra a homofobia. Chamada de “Brasil sem homofobia”, a cartilha faz parte do programa de Combate à violência e à discriminação contra gays, lésbicas, transgêneros e bissexuais e de promoção da cidadania homossexual.

Após a exibição do documentário, Marjorie deu início ao debate, falando dos motivos que levaram à criação da Astra-Rio. Segundo ela, era extremamente importante criar uma associação diferente dos homossexuais porque os travestis e transgêneros são os que sofrem o preconceito mais diretamente. ”Com certeza não somo as mais coitadinhas, nem as mais discriminadas, mas somos as que recebem as agressões mais diretamente, porque não nos encaixamos no padrão masculino/feminino definido pela sociedade”. Ela afirmou também que uma das razões para o grande número de travestis na prostituição é a falta de opções. “A média de escolaridade entre os travestis é a quarta série primária. Não conseguimos ser aceitos nas escolas e com isso não conseguimos ser profissionais formados. A dificuldade de conseguir um emprego leva o travesti para as ruas. Não é opção, é questão de sobrevivência”.

Josias foi o segundo a falar, comentando sobre sua experiência no projeto “Juventude e diversidade sexual”, da ABIA, responsável pela realização do filme exibido. Segundo ele, este não foi o único filme produzido pelo projeto, mas foi o de maior sucesso, por ter dado aos homossexuais de regiões de baixa renda a oportunidade de falar pela primeira vez, sem esterótipos. “Hoje, os travestis, transgêneros e homossexuais de Nova Iguaçu já têm espaço nos serviços de educação e saúde por causa do trabalho que começamos a partir do filme”. Segundo ele, o principal objetivo do projeto é fortalecer a rede de luta pelos direitos dos homossexuais. “Não queremos apenas fazer os filmes, ver a situação e ir embora. Queremos conscientizar os homossexuais, ensiná-los a lutar pelos seus direitos, inseri-los no sistema público”.

Cláudio foi o último a falar, salientando a importância de se retirar os preconceitos religiosos das políticas públicas. “Entendo que cada deputado, vereador, tenha seu credo, sua fé, mas ele não pode criar leis que tenham esses princípios, muitas vezes preconceituosos, como base. Ele deve criar leis que garantam a igualdade de direitos”. Ele também reafirmou a necessidade de se combater a discriminação e a violência contra homossexuais. “Temos que lembrar que a igualdade não é o contrário de diferença, é o contrário de desigualdade. Devemos combater a desigualdade social, mas promover, celebrar a diferença”, disse ele.

O próximo “Trocando em Miúdos” será um evento especial, que será realizado nos dias 13 e 18 de julho, em parceria com a Universidade Federal Fluminense. Com o tema “Criança de rua, crianças de ninguém: análise política e possibilidades de intervenção”, os eventos contarão com a participação do psicólogo, filósofo e pedagogo espanhol, Enrique Martinez Reguera. Fique atento ao site do Conselho para mais informações.

01 de junho de 2006