Quinta edição do Fórum Social Mundial acontece em janeiro

Categoria(s):  DIREITOS HUMANOS, Notícias   Postado em: 04/01/2005 às 10:52

Um espaço aberto de encontro para o aprofundamento da reflexão, o debate democrático de idéias, a formulação de propostas, a troca livre de experiências e a articulação de ações eficazes para construção de uma sociedade mundial centrada no ser humano. Esta é a proposta do Fórum Social Mundial (FSM), que volta este ano a Porto Alegre, depois de ser realizado na Índia em 2004. Em sua quinta edição, deverá reunir cerca de 150 mil ativistas, entre os dias 26 e 31 de janeiro. Serão mais de 2600 atividades, incluindo encontros de juízes, parlamentares e sindicalistas.

A programação do evento seguirá uma nova metodologia, visando ampliar a convergência, multiplicar os diálogos durante o encontro e evitar a repetição desarticulada de atividades sobre o mesmo tema. Aprovada em abril de 2004, a metodologia que será aplicada este ano baseou-se, primeiramente, em um questionário amplamente divulgado, que buscou identificar as lutas, questões, problemas, propostas e desafios as diversas organizações que participam do Fórum consideravam importante discutir no V FSM. A análise das respostas pelas comissões resultou em 11 espaços temáticos: Afirmando e defendendo os bens comuns da Terra e dos povos – Como alternativa à mercantilização e ao controle das transnacionais; Arte e criação: construindo as culturas de resistência dos povos; Comunicação: práticas contra-hegemônicas, direitos e alternativas; Defendendo as diversidades, pluralidade e identidades; Direitos humanos e dignidade para um mundo justo e igualitário; Economias soberanas pelos e para os povos – Contra o capitalismo neoliberal; Ética, cosmovisões e espiritualidades – Resistências e desafios para um novo mundo; Lutas sociais e alternativas democráticas – Contra a dominação neoliberal; Paz e desmilitarização – Luta contra a guerra, o livre comércio e a dívida; Pensamento autônomo, reapropiação e socialização do conhecimento (dos saberes) e das tecnologias; Rumo à construção de uma ordem democrática internacional e integração dos povos.

Além disso, serão organizados cerca de 20 fóruns mundiais paralelos. O FSM atraiu o Fórum Mundial da Saúde, o das Migrações (que defende o fim da clandestinidade dos imigrantes) e até o Dignidade, que reunirá organizações indianas de sem-casta. A quinta edição do evento custará cerca de R$ 12 milhões, sendo parte da quantia paga por um pool de estatais. A estimativa é que Petrobras, Caixa Econômica, Eletrobrás e Banco do Brasil contribuam com R$ 4 milhões em patrocínios. A maioria dos investimentos será feito por agentes internacionais, principalmente da União Européia. O restante é bancado pelo governo do Rio Grande do Sul e pelas taxas dos participantes. Segundo os organizadores, o custo este ano cresceu por causa de uma ambição do Fórum: pôr em prática as idéias que prega. Assim, cerca de 70% dos recursos serão destinados à construção do Território Social Mundial, uma forma de bioconstrução com pré-moldados e tendas, que está sendo armada junto à orla do Rio Guaíba, entre o Cais do Porto e o Parque Marinha do Brasil. As conferências, que antes eram fechadas, nos salões da PUC, acontecerão nesses espaços mais populares. Cerca de 400 tradutores voluntários farão a tradução simultânea dos principais eventos nos 14 idiomas mais falados pelos integrantes do evento, entre eles, árabe, tupi-guarani e basco.

O Fórum Social Mundial, definido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva como uma feira de produtos ideológicos, é um verdadeiro ponto de encontro para aqueles que buscam construir uma nova ordem internacional com justiça social, paz e oportunidades de desenvolvimento para todos. Milhares de estudantes se encontram no Acampamento da Juventude e transformam o local numa espécie de Pré-Fórum, além, de um espaço de confraternização. Seus organizadores consideram que o grande desafio do evento é o de manter-se como um espaço aberto a serviço das múltiplas lutas da sociedade, evitando comprometer-se com partidos e a assumir bandeiras políticas. O importante é o debate.