“Modelos de intervenção em problemáticas de consumo de substâncias psicoativas” é tema de debate na Defensoria Pública do RJ

Categoria(s):  JUSTIÇA, Notícias, POLÍTICAS PÚBLICAS, SAÚDE   Postado em: 19/11/2015 às 12:45

A mesa de debates “Modelos de intervenção em problemáticas de consumo de substâncias psicoativas” ocorreu no dia 9 de novembro no auditório da Defensoria Publica, no Centro do Rio.

“Modelos de intervenção em problemáticas de consumo de substâncias psicoativas” é tema de debate na Defensoria Pública do RJ O evento, promovido pela Comissão de Psicologia e Justiça do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, em parceria com a Defensoria Publica do Rio de Janeiro, teve como palestrantes Edith Benedetti, interventora geral e integrante do Departamento de Formação do Hospital Nacional em Rede de Buenos Aires (Argentina), Mariana Camilo de Oliveira, psicóloga que atua também no Hospital Nacional em Rede de Buenos Aires e atua na França.

A mediação da mesa ficou por conta da presidente da Comissão de Justiça do CRP-RJ Eliana Olinda (CRP 05/24612).

Iniciando o evento, houve a exibição do documentário “Crack – Repensar”, dirigido por Rubens Passaro e Felipe Vieira. Após a exibição do filme, Eliana fez uma contextualização do tema do debate trazendo a questão das mulheres em situação de rua e seus filhos.

“As mulheres em situação de rua usuárias de drogas e seus bebês estão constantemente tendo seus direitos violados. As mulheres são impedidas de sair da maternidade livremente com seus filhos, a menos que um juiz dê essa autorização. Essa é apenas uma das questões que temos que trabalhar. O objetivo desse encontro é a troca de experiências das práticas da Psicologia nesse campo de inserção para além das fronteiras do país”, ressaltou Eliana.

Mariana Camilo faz uma breve apresentação explicando que “a questão das drogas fica num lugar muito ambíguo. O grande desafio é articular Justiça e Saúde. E para esse desafio, essa troca que teremos aqui, hoje é extremamente importante. Isso vai além de fronteiras. Temos que expandir essas discussões”.

Já Edith Benedetti contextualizou historicamente os modelos de intervenção à problemáticas de consumo de drogas. “Temos quatro grandes modelos de intervenção que são o ético-jurídico, o médico-sanitário, o psicossocial e o modelo sociocultural. No primeiro, a droga é o sujeito e o sujeito é o objeto. No segundo, o consumidor de drogas é visto como enfermo e colocado no contexto de população de risco. Nesses dois primeiros o foco é a droga e não o usuário. Os dois modelos pregam a abstinência, ou seja, se o problema é a droga, a solução é não consumi-la.”

Ela destacou ainda as principais características dos dois últimos modelos. “Já o modelo psicossocial encara o sujeito como o protagonista, e aí se investe na prevenção do problema, no âmbito da Saúde Mental. Ou seja, é pensado que vínculo o sujeito estabelece com a substância. Por fim, o modelo sociocultural entende o indivíduo num contexto da dimensão macrossocial. Ou seja, se consome a substância por questões de contexto social e cultural. O consumo de drogas seria, então, um sintoma social.”

“É preciso entender o sujeito como um ser social e histórico, com sua singularidade a partir do plural, e estabelecer uma abordagem integral, interdisciplinar e intersetorial. A Saúde pública deve ser um sistema integrado de atenção progressiva da saúde. A saúde é um direito”, finalizou Edith.

Encerrando o debate, Marlene Iucksch pontuou que “a atuação da Psicanálise e da Psicologia são possíveis, sim, na rua porque envolvem uma ‘escuta’ e uma compreensão da subjetividade do sujeito. E isso nada tem a ver com salas, móveis, divã ou decoração.

Novembro de 2015