INTERIORIZANDO A PSICOLOGIA: PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO, SAÚDE MENTAL, POLÍTICAS PÚBLICAS, DESCENTRALIZAÇÃO, E ATENDIMENTO ONLINE FORAM DESTAQUE DO EVENTO EM ITAPERUNA

Categoria(s):  DESTAQUE DA SEMANA, Notícias, Últimas Notícias   Postado em: 21/05/2024 às 14:01

O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ), realizou no dia 9 de maio, o evento “Psicologia, Precarização e Importância da Atuação das Trabalhadoras: Diálogo sobre Políticas Públicas e Trabalho”, na Universidade Redentor em Itaperuna.

 

Com auditório lotado, o evento reafirmou a importância da interiorização e descentralização das ações do CRP-RJ, levando os debates para além da capital e construindo pontes com as(os) psicólogas(os) que atuam nos diferentes territórios do estado. A necessidade de maior participação da categoria nas ações do CRP-RJ e a construção de uma Psicologia que atenda às demandas locais também foram destacadas.

O CRP-RJ reforça o compromisso em promover a interiorização do debate sobre a prática da Psicologia, incentivando a participação da categoria em eventos e ações.
A participação expressiva do público trouxe questionamentos importantes sobre o papel da assistência social na garantia de direitos, a necessidade de maior diálogo com a sociedade e o desafio da medicalização na saúde mental.

As falas dos participantes evidenciam os desafios da precarização do trabalho e da falta de investimento em políticas públicas, especialmente no interior do estado.

 

Para acompanhar na íntegra como foi o evento, acesse o canal oficial o do CRP-RJ no YouTube @realCRPRJ 

 

Mesa institucional

20240509_141850O evento iniciou com a mesa institucional, composta por Céu Cavalcanti (CRP 05/57816), conselheira presidenta do CRP-RJ, Monica Sampaio (CRP 05/44523), coordenadora da Comissão de eventos do CRP-RJ e integra a Comissão dos Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia (CFP), Jorge Peixoto (CRP 05/44215), conselheiro e um dos coordenadores do Controle Social do CRP-RJ, Cleide Neves (CRP 05/40812), coordenadora da Comissão Gestora da subsede Norte-Noroeste do CRP-RJ e da universidade anfitriã, Renata Caveari, coordenadora do curso de Psicologia e Aline Cunha, pró-reitora acadêmica.

Levar a psicologia para além dos limites da capital, construindo pontes e diálogos com os profissionais que atuam nos diversos cantos do estado: este foi o objetivo central destacado na mesa institucional. A interiorização e descentralização das ações do CRP-RJ, com foco na participação da categoria e na construção de uma psicologia que dialogue com as necessidades de cada território, foram os pilares do debate.

 

Apresentando o evento, o psicólogo Jorge Peixoto falou sobre o compromisso da gestão em descentralizar os debates e levar a Psicologia para o interior do estado, demonstrando a necessidade de o CRP-RJ estar presente em diversos territórios para compreender a realidade local e as diferentes formas. Peixoto também agradeceu a universidade pela cessão do espaço e reitera a proposta do evento como um dos vários que o CRP-RJ vem realizando em diferentes regiões do estado, visando a descentralização. 

 

Aline Cunha agradeceu a presença de todos, parabenizou a iniciativa do CRP-RJ, falou do evento ser memorável para região e deixou as portas abertas para próximos eventos.

A coordenadora do curso de Psicologia, instituição de ensino, Renata Caveari, expressa a alegria em receber o evento, destacando a importância do debate sobre a Psicologia e as Políticas Públicas e compartilhou sua experiência como trabalhadora do SUS, atuando em um CAPS, e a importância da discussão sobre o papel da mulher trabalhadora e as questões relacionadas a essa temática.

 

Monica Sampaio reforça a importância da descentralização e da interiorização dos eventos do Conselho. Explica a organização interna com divisões em eixos, núcleos e comissões, o papel das subsedes regionais e a importância das(os) profissionais e estudantes se aproximarem do CRP-RJ através de seus eventos e também nas redes sociais, em busca de Psicologia como ela realmente deve ser.

Representando a subsede da Região Norte-Noroeste, a psicóloga Cleide Neves apresentou um panorama da subsede (que foi criada em 2009), incluindo a abrangência territorial e as ações desenvolvidas junto as(os) psicólogas(os) e estudantes da região.

 

A presidenta do CRP-RJ, Céu Cavalcanti, também agradeceu o espaço concedido pela universidade e afirmou que a Psicologia só existe em seu exercício, a Psicologia que se deve fazer é a que se constrói a partir do encontro com o outro. Com isso, a presidenta fundamentou também o tema da 17ª Mostra (a ser realizada em agosto desse ano) “A cabeça pensa onde os pés pisam”, sendo feitas pré-mostras em todas as regiões do estado para que toda a categoria possa participar desse grande evento, marco da profissão e a descentralização visando criar estratégias de articulações para o território.

 

20240509_155927Mesa 1 – “Movimentos sociais, SUAS e sistema prisional na construção de políticas públicas”

A primeira mesa, “Movimentos sociais, SUAS e sistema prisional na construção de políticas públicas”, contou com a participação de Vanessa Brito (CRP 05/28830), coordenadora do Núcleo de Psicologia e Assistência Social e conselheira do CRP-RJ, Céu Cavalcanti, conselheira presidenta do CRP-RJ, Thais Vargas (CRP 05/33228), conselheira do CRP-RJ e Luciana Fernandes Caldas Meira (CRP 05/35298), psicóloga colaboradora do CRP-RJ, na (mediação).

Mesa formada por psicólogas atuantes em Políticas Públicas, abordou os desafios e a importância da rede de apoio e da intersetorialidade para garantir os direitos dos usuários, especialmente da população em situação de rua e adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas. Foi discutida a precarização do trabalho e seus impactos na qualidade dos serviços, assim como a necessidade de fortalecer os movimentos de trabalhadores da saúde e da assistência social. 

 

Luciana Caldas, falou sobre o compromisso da gestão de descentralização, sendo um exemplo o evento realizado em Itaperuna, distante da capital do Rio. A psicóloga explicou como funciona a CIRD – Comissão Intergestora de Regionalização e Descentralização e falou que o evento surgiu por via de um ponto focal na cidade de Bom Jesus de Itabapoana.

Céu Cavalcanti compartilhou sua atuação SUAS e na política de HIV/AIDS em Pernambuco. Ela explicou como esses campos, aparentemente distintos, se complementavam, mostrando a necessidade de integrar clínica e Políticas Públicas. Falou também da sua experiência com a população em situação de rua, o que a impulsionou a buscar a clínica individual para aprofundar a escuta, mas que um campo nunca excluiu o outro. A luta antimanicomial como um exemplo da importância de construir Políticas Públicas a partir do princípio da incompletude, combatendo a lógica da instituição total, representada pelo manicômio, escuta ativa, medicalização e patologização da vida também foram destaques em sua fala. A presidenta do CRP-RJ convidou as(os) participantes a lerem as publicações de referências técnicas do CREPOP – Centro de Referências em Psicologia e Políticas Públicas (https://crepop.cfp.org.br/publicacoes/).

 

A conselheira Thais Vargas falou da oportunidade em poder discutir a Psicologia como ciência e profissão, abordando temas que enriquecem a prática profissional, especialmente no campo das Políticas Públicas na região Norte-Noroeste. Servidora pública na área da socioeducação, Vargas ressalta o compromisso do CRP-RJ com a interiorização, exemplificado pelo evento. Destaca o papel do SUAS como garantidor de direitos e a importância de se pensar em rede para a construção de um sistema de apoio aos usuários, com foco na singularidade de cada indivíduo e seu território.

 

A coordenadora do Núcleo de Psicologia e Assistência Social do CRP-RJ, Vanessa Brito, falou sobre a fragilidade do diálogo dentro do SUAS, criticando a falta de converso na clínica. A psicóloga ainda falou que a Psicologia precisa dar atenção aos trabalhadores que vivem a precariedade nos vínculos trabalhistas e assédio moral no cotidiano de seu emprego, para garantia de direitos e qualidade dos serviços.

 

20240509_162111Mesa 2 – “Saúde mental e precarização do trabalho nas políticas públicas”

A segunda levou o tema sobre “Saúde mental e precarização do trabalho nas políticas públicas”. O tema ampliado para uma discussão mais profunda sobre a precarização do trabalho e o desmonte das Políticas Públicas no Brasil. A medicalização e patologização da vida também foram abordadas como um reflexo da lógica manicomial que ainda persiste na sociedade, sobrecarregando os profissionais e desconsiderando a singularidade de cada indivíduo.
Formada por Mariana Fernandes Ramos dos Santos (CRP-RJ 05/34785), psicóloga, mestre em Psicologia, especializada em terapia do cognitivo comportamental, neuropsicóloga, neuro psicopedagoga, especialista em reabilitação neuropsicológica, especialização em Terapia Ocupacional na Saúde Mental, é autora do livro “Saúde Mental e Estereótipos: Estudos sobre os Profissionais do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) do Estado do Rio de Janeiro”, atua no SUS e no Programa de Saúde Mental há aproximadamente 15 anos, sendo 13 anos atuando no CAPS de Itaperuna e é professora da Uniredentor, Alexandre Vasilenskas (CRP 05/30741), conselheiro e coordenador de saúde e saúde mental do CRP-RJ e Thayná Bernardo Souza, recém-formada pela UFF Campos, é atuante no território e esteve na mediação.

A mediadora, Thayná Souza, ressaltou a importância de os estudantes conhecerem as Políticas Públicas independentemente da área de atuação escolhida e defendê-las e correlacionou o tema da mesa com o dia de luta antimanicomial, celebrado no dia 18 de maio.


O conselheiro palestrante, Alexandre Vasilenkas, trouxe à tona a lógica neoliberal e seus impactos na saúde mental dos trabalhadores, questionando o discurso da austeridade fiscal, defendendo a importância da mobilização social para a garantia de direitos, a construção de uma sociedade mais justa e igualitária e adivertindo sobre a medicalização  e a patologização da vida. 

 

A professora da universidade anfitriã, Mariana dos Santos, falou sobre o atravessamento dos fatores psicossociais que afetam a saúde mental, tais como as variáveis incontroláveis trazidas como política, reforma e a importância da rede de apoio para os usuários e também para as(os) próprias(os) profissionais da área. A psicóloga abordou também a pressão social pela cura imediata, a dificuldade em lidar com a falta de recursos e a precarização do trabalho.

 


20240509_180704Mesa 3 – “Orientação aos trabalhadores em Políticas Públicas e atuação em cenários de emergências e desastres”

A última mesa do evento sobre “Orientação aos trabalhadores em Políticas Públicas e atuação em cenários de emergências e desastres”, dialogou com um debate crítico e reflexivo sobre a atuação da(o) psicóloga(o) em emergências e desastres, com foco na ética, na responsabilidade profissional e na importância do trabalho em rede para garantir a assistência adequada às vítimas, abordando a necessidade de uma sociedade preventiva, que se prepare para lidar com os impactos dos desastres na saúde mental da população, pensando numa Psicologia de escuta ativa, com acolhimento e acompanhamento das vítimas, validando suas dores e perdas.
Participaram dessa mesa a conselheira Thaís Vargas, que também esteve na mesa 1, Ariel Pontes (CRP 05/64806), colaboradora da Comissão Especial de Emergências e Desastres do CRP-RJ e na mediação Iamara Peccin (CRP 05/73933), integrante da Comissão de Eventos do CRP-RJ. 

 

A mediadora da mesa, Iamara Peccin, falou sobre a temática da mesa relacionando com o cenário atual que o país está vivendo, tendo desastres naturais ocorrendo no Rio Grande do Sul e Maranhão. A psicóloga relacionou a crise climática com os impactos diretos na saúde mental dessa população, que vem vivendo cenários catastróficos, de problemas ambientais, sendo uma tragédia política e social, resultado da precariedade das políticas públicas.

 

Ariel Pontes, psicóloga colaboradora da Comissão Especial de Emergências e Desastres, fez uma fala orientativa, contendo ponto crucial a responsabilidade ética da(o) psicóloga(o) em reconhecer seus limites, buscando capacitação constante e dizendo “não” quando não se sentir preparado para atuar em determinada situação que envolve emergências e desastres. Pontes também falou do autocuidado como peça fundamental para que o profissional não se torne mais uma vítima e dos desafios do atendimento online em situações de desastres, reforçando a importância da presença física e do contato direto com a comunidade afetada.

 

A conselheira e coordenadora da Comissão de Orientação e Fiscalização – COF, Thais Vargas, apresentou como a comissão trabalha em busca de orientações sobre conduta ética e legislação profissional, além das fiscalizações, averiguando as denúncias ético-disciplinares, recebidas pelo CRP-RJ. Vargas, complementou a fala de Pontes sobre o “não” ser ético, além do atendimento online em casos de desastre e da rede de apoio local, para a garantia da continuidade da assistência às vítimas, especialmente a longo prazo. Ela ainda fala da formação ser generalista e indica o código de ética profissional da(o) psicóloga(o) e a resolução e como leitura para aprimoramento.

 

Fique atenta(o) as redes sociais para acompanhar a agenda dos próximos eventos produzidos pelo CRP-RJ em sua região!
Acompanhe todos os eventos via live acessando nosso canal oficial no YouTube.