II Marcha (Inter)Nacional Contra o Genocídio do Povo Negro

Categoria(s):  DIREITOS HUMANOS, Notícias, RELAÇÕES RACIAIS   Postado em: 28/08/2014 às 12:27

082814c_1 082814c_2 082814c_3‘Pelo direito à vida. Nossos mortos têm voz!’, foi o tema da II Marcha Internacional contra o genocídio do povo negro, que foi realizada na tarde da última sexta, dia 22 de agosto, na favela de Manguinhos, no Rio de Janeiro. Depois das oficinas de cartazes, das atividades culturais e dos depoimentos emocionados das mães que tiveram os seus filhos mortos como vítimas da violência policial, a marcha seguiu para o Conjunto de Favelas do Alemão.

Márcia Jacinto, moradora do Lins, foi uma das primeiras mães a dar o seu depoimento. Ela que teve o seu filho assassinado há 12 anos, testemunhou que teve que provar sozinha a inocência do jovem. “Vai fazer 12 anos que na minha casa está faltando o meu filho. Ele foi executado com um único tiro no coração. Eu tive que fazer a investigação de tudo o que ocorreu com ele. Soube que foram 11 policiais envolvidos neste assassinato, mas apenas dois responderam e foram condenados. É por esta dor, por esta impunidade que a favela não vai calar, a favela tem voz. E que todas as mães não parem, não tenham medo e que lutem”, disse.

Assim como Márcia, outras mães como a moradora de Manguinhos, Fátima dos Santos, mãe do Paulo Roberto, também deu o seu depoimento. “Ele morreu em outubro do ano passado. A UPP existe apenas para matar e destruir as nossas famílias. Eles mataram o meu filho”, falou. A mãe de Douglas Rafael, conhecido como dançarino DG, Maria de Fátima da Silva, emocionada disse que o seu filho não teve o direito de ir e vir respeitado. “Aqueles que eram para dar segurança tiraram a vida dele. “Deram um tiro nas costas, só muda o lugar, mas a história é sempre a mesma e os policiais sempre colocam a culpa na vítima. Estou aqui hoje porque eu quero Justiça, não quero que mais nenhum jovem morra”, finalizou Maria de Fátima.

Ao longo da passeata, que reuniu mais de 500 pessoas, aconteceram falas e cantos contra o genocídio do povo negro, pobre e favelado. A Leitura de nomes de vítimas da violência do Estado também fez parte da programação. Ao final, foi lembrado mais uma vez que é preciso resistir à toda e qualquer violência do Estado.
Esta e todas as outras marchas que aconteceram em mais de 17 estados brasileiros e em mais  outros 15 países, foram organizadas por movimentos negros, e aqui no Rio esteve sob a liderança das mulheres.

O CRP RJ apoiou a organização coletiva da II Marcha, expressando seu compromisso com o combate ao preconceito e à discriminação racial, pautado no Código de Ética Profissional da categoria e na Resolução 018/2002 do CFP. A Psicologia, com seus saberes e e práticas, tem muito a contribuir com o processo de combate à  naturalização do sofrimento e morte do povo negro e ao enfrentamento do racismo nos mais diversos espaços.