GT de Psicologia e Relações Raciais debate formação do psicólogo

Categoria(s):  DIREITOS HUMANOS, Notícias   Postado em: 30/09/2009 às 11:22

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O tema “Relações raciais, educação e subjetividade” foi calorosamente abordado no último encontro do Grupo de Trabalho de Psicologia e Relações Raciais do CRP-RJ, ocorrido no dia 23 de setembro na Universidade Federal Fluminense (UFF).

A roda de conversa, mediada pela conselheira Maria da Conceição Nascimento (CRP 05/26929), contou com a presença das profissionais da Educação, Maria das Graças Gonçalves e Azoilda Loretto, a psicóloga Kátia Aguiar, e outros profissionais que lutam pelo fim do racismo.

Uma questão que perpassou todo o debate foi a necessidade de inclusão do

O tema “Relações raciais, educação e subjetividade” foi calorosamente abordado no último encontro do Grupo de Trabalho de Psicologia e Relações Raciais do CRP-RJ.

O tema “Relações raciais, educação e subjetividade” foi calorosamente abordado no último encontro do Grupo de Trabalho de Psicologia e Relações Raciais do CRP-RJ.

tema das relações raciais na formação do psicólogo. Segundo Maria das Graças, além de uma mudança na formação dos professores de Psicologia, com esta inclusão no currículo, também seria necessário incluir a história da África e da cultura negra do currículo escolar de crianças e adolescentes. “Isso fortaleceria a identidade dessas crianças, além de aumentar sua autoestima. O próprio material didático utilizado nas escolas também é racista”, comentou. Um psicólogo presente na roda afirmou que, dentre as ciências humanas, a Psicologia é uma das mais omissas na discussão do tema, “sempre deixando para a Antropologia”.

Sobre esse ponto, Azoilda Loretto explicou que a Psicologia precisa fomentar debates e pesquisas que tentem explicar o que leva um individuo a se tornar racista e não enxergar o outro em sua plenitude, limitando-o a apenas um aspecto. A psicóloga Kátia Aguiar acrescentou que pesquisas comprovaram que, geneticamente, “a diferença entre o negro mais negro e o branco mais ariano é uma molécula de tamanho menor que 1 milímetro, ou seja, não há raças humanas; então por que esse pensamento é tão presente na nossa sociedade?”, questionou.

O fato de a atriz Thais Araújo ter sido escolhida como protagonista da novela “Viver a Vida”, da Rede Globo, também foi trazido para a roda. O fotojornalista Ierê Ferreira comentou a declaração da atriz para a revista Veja, dizendo que, para ela, o racismo não existia porque ela sempre teve oportunidades. “Ela estar lá não significa muita coisa, posto que a atriz foi moldada durante anos para pegar esse papel”, comentou um participante.

Azoilda Loretto acrescentou que “a falta de debates sobre o racismo na novela fortalece o mito de que o Brasil é racialmente democrático. O engraçado é que, enquanto aplaudimos uma negra no papel principal de uma novela, os Estados Unidos que, até pouco tempo era declaradamente racista, acaba de eleger Barack Obama como presidente”.

Azoilda também falou da necessidade de rompermos com o binarismo e fugir do aprisionamento identitário; destacou também a importância de a Psicologia estar atenta para os efeitos do racismo na subjetividade e questionou: como convocar nosso corpo para a ação contra o racismo?

A conselheira Conceição Nascimento fechou o encontro comentando que a Psicologia precisa produzir conhecimento para contribuir no combate ao racismo, desnaturalizando a posição de subalternidade que o negro historicamente vem ocupando.

A próxima roda de conversa do GT ocorrerá no dia 8 de outubro, às 18h, na sede do CRP-RJ (Rua Delgado de Carvalho, 53, Tijuca).