GT de Psicologia do Esporte realiza último Lance Livre de 2009

Categoria(s):  ESPORTES, Notícias   Postado em: 30/09/2009 às 11:21
Para encerrar o ciclo de debates do projeto Lance Livre, o GT de Psicologia do Esporte abordou a questão do uso de testes psicológicos no esporte, sob os enfoques legislativo, teórico e prático.

Para encerrar o ciclo de debates do projeto Lance Livre, o GT de Psicologia do Esporte abordou a questão do uso de testes psicológicos no esporte, sob os enfoques legislativo, teórico e prático.

O Grupo de Trabalho de Psicologia do Esporte realizou, no dia 28 de setembro, seu último encontro de 2009. Para encerrar o ciclo de debates do projeto Lance Livre, o GT recebeu Lysianne Moura da Frota (CRP 05/12008), assistente técnica da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRP-RJ, Guilherme Pineschi (CRP 05/28200), professor do Instituto de Psicologia da UFRJ, e Francisco Takahashi, responsável por projetos de seleção de empresas de grande porte e gestor do Processo de Seleção de Voluntários para XV Jogos Pan-Americanos.

Os palestrantes abordaram a questão do uso de testes psicológicos no esporte, sob os enfoques legislativo, teórico e prático.

Lysianne Moura comentou que, de acordo com a lei 4.119/62, artigo 13, só profissionais da área podem utilizar os testes psicológicos como método de avaliação. “Apesar de muitos profissionais falarem dos testes com certo desdém, ele é o único procedimento que somente psicólogos podem realizar, diferentemente de outras áreas como psicoterapia e processos de seleção”, afirmou.
Ela chamou atenção dos presentes para a obrigatoriedade da entrevista devolutiva, que consiste em um feedback ao paciente, e a responsabilidade do psicólogo na aplicação do teste em um ambiente adequado. “Problemas como barulho, calor excessivo ou má iluminação podem atrapalhar no resultado do teste”, lembrou Lysianne.

Guilherme Pineschi falou, em seguida, sobre procedimentos que o psicólogo deve utilizar caso o teste a ser usado não tenha sido validado no Brasil. Primeiramente, deve-se entender bem o modelo teórico no qual a avaliação foi realizada. Depois, o psicólogo faz uma tradução para o português e, novamente, para a língua original, conhecido como back translation. A próxima etapa consiste na aplicação – com a relação de 10 pessoas para cada enunciado do questionário – e avaliação das qualidades psicométricas. “Essa avaliação é de suma importância, pois ela pode ajudar na decisão do profissional, já que é um documento fidedigno válido”, explicou.

Francisco Takahashi contou um pouco sobre sua experiência como psicólogo da área de atletismo. Segundo ele, como o atleta não tem muito tempo livre, precisava de testes rápidos e que dessem bons resultados quantitativamente. Atualmente, Takahashi está analisando um teste alemão, que verifica cinco zonas de características como ansiedade e autoestima. Porém, julgou ser difícil conseguir validá-lo no Brasil por se tratar de um “país continental”. “Aqui, nós temos diversas zonas de ‘produção’ de atletas, o que dificulta a realização de entrevistas”, comentou.
Outro ponto levantado por ele foi a necessidade do trabalho com atletas desde a base, já que, “se houver um acompanhamento desde o princípio, quando eles estiverem mais adultos, já estarão prontos para lidar com situações adversas, como a presença de um ídolo na competição ou um problema familiar surgido na hora na largada”.

Durante o debate, surgiram questões como a relação psicólogo-atleta e psicólogo-treinador e o código de ética. Guilherme Pineschi julgou que o profissional precisa ter bom senso no julgamento das informações que vai repassar. “O certo não seria falar, mas creio que, às vezes, é benéfico. Supomos que o atleta está com problemas e o treinador não sabe. Caso ele cometa algum erro, o técnico pode ter uma reação exacerbada e piorar a situação. O psicólogo não precisa contar os motivos, apenas dizer que existe um problema”, finalizou.