Ênfases e diretrizes curriculares na formação em Psicologia são debatidas durante II Fórum de Psicologia na Baixada

Categoria(s):  ESTUDANTES, Notícias, SUBSEDE BAIXADA   Postado em: 01/12/2017 às 16:23

A segunda mesa de debates do II Fórum de Psicologia na Baixada Fluminense reuniu coordenadores de curso de três universidades da região para debater “Formação em Psicologia: Ênfases e Diretrizes Gerais”. Mediada pela psicóloga Rogéria Thompson (CRP05/52415), integrante da Comissão Gestora da Baixada, a mesa teve participação Ralph Ribeiro Mesquita (CRP 05/8923), da Universidade Estácio de Sá de Nova Iguaçu, Roberta Barzaghi e Sá (CRP05/50228), da UNIGRANRIO de Caxias e Nova Iguaçu, e Déborah Uhr (CRP 05/19590), coordenadora do SPA da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), em Seropédica.

Ralph Mesquita iniciou sua fala contextualizando historicamente a regulamentação da Psicologia em 1962, destacando o caráter elitista, privatista e individualizante da prática psi naquela época. “Em que mudamos de 1962 para cá?”, questionou. Na avaliação do coordenador da Estácio de Nova Iguaçu, a Psicologia, como ciência e profissão, ainda não rompeu completamente com os paradigmas vigentes na época de sua regulamentação.

IMG_4472“A despeito do que as próprias diretrizes falam, me parece importante pensar em que representações de ser humano, de sociedade e de Psicologia estão fundadas as demandas discentes e as ofertas docentes. Isso não está desvinculado”, ponderou. “No momento atual de desorganização da sociedade, não podemos desconsiderar os inúmeros projetos de patologização da vida social e esfacelamento do espaço coletivo. Isso está dentro da universidade e nós estamos respondendo a isso, estamos dizendo aos nossos alunos como resolver isso. E estamos dizendo, pela minha experiência acadêmica, que vamos resolver isso clínica e individualmente. Eu acho isso da maior gravidade”, acrescentou.

Roberta Barzaghi enfatizou que, independente da sua área de atuação, a (o) psicóloga (o) deve se reconhecer como uma (um) profissional de Saúde. “Nós, psicólogos, precisamos desenvolver algumas competências básicas que são do campo da saúde. Precisamos entender de comunicação e saúde, precisamos saber trabalhar em equipe, precisamos saber trabalhar com epidemiologia, mesmo que trabalhemos em qualquer outro campo que não a saúde especificamente. A nossa prática é uma prática de saúde, mesmo que sejamos executivos em uma grande multinacional”, argumentou.

A coordenadora da UNIGRANRIO destacou ainda que “a perspectiva de formação em Psicologia não é mais disciplinar”. Segundo ela, “a perspectiva disciplinar de formação em Psicologia já está superada e a formação deve ser pensada dentro de uma perspectiva por competência”. Por fim, ela afirmou: “A formação não termina na graduação”.

A última fala da mesa foi de Deborah Uhr, que abordou o lugar da clínica na formação em Psicologia a partir de sua experiência como supervisora clínico-institucional da rede de Atenção Psicossocial. “O que eu vejo, no campo da saúde mental, é uma formação e uma orientação geral importante em relação à clínica ampliada, à Atenção Psicossocial e a todo esse movimento de revisão da clínica tradicional, o que é absolutamente necessário. Mas vejo também uma espécie de negação da clínica naquilo que ela permite perceber o sintoma no seu sentido mais singular, como expressão de um posicionamento subjetivo”, afirmou.

“Concordo plenamente com o investimento da formação universitária para a atuação do psicólogo no campo das políticas públicas. Mas me questiono o que se passa na formação que faz parecer que as diretrizes gerais do fazer psi no campo público são suficientes para o cuidado. Elas não são suficientes para o cuidado”, argumentou. “É preciso uma formação clínica. Se ensinamos que existe uma cisão entre clínica e política, entre indivíduo e a sociedade, entre o singular e o coletivo, então estamos formando mal os alunos”, finalizou.