“É PRECISO ACOLHER A DOR”: PSICÓLOGA DO CRP-RJ PARTICIPA DE PODCAST E ALERTA PARA A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL EM DESASTRES 

Categoria(s):  DESTAQUE DA SEMANA, Notícias, Últimas Notícias   Postado em: 22/05/2024 às 09:14

IMG-20240521-WA0022O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro – CRP-RJ, por meio de sua Comissão Especial de Psicologia em Emergências e Desastres na figura da conselheira coordenadora Victoria Antonieta Tapia Gutiérrez (CRP 05/20157), participou do “Repórter SUS”, podcast produzido pelo site de notícias e rádio agência Rádio Brasil de Fatos.

Em entrevista, a psicóloga abordou os desafios da saúde mental em cenários de desastres, como o que assola o Rio Grande do Sul.

Gutiérrez destacou a magnitude da tragédia gaúcha, que vitimou dezenas de pessoas e deixou milhares desabrigados, e traçou paralelos com outras catástrofes vividas no Brasil, como as enchentes em Petrópolis em 2011 e 2022. A psicóloga ressaltou que a perda material, o luto por entes queridos, animais de estimação e plantações, além da ruptura com a rotina e o medo, impactam profundamente a saúde mental da população. “As pessoas vivenciam os eventos traumáticos de formas diferentes”, afirmou Gutiérrez, ressaltando a singularidade do sofrimento e a necessidade de respeitar o tempo de cada um.

A conselheira alertou para a tendência à “mensuração do sofrimento”, que desconsidera a dor da perda de um animal de estimação, por exemplo, e minimiza a importância da história pessoal que se esvai com a destruição de casas e pertences. “Tem pessoas que não vão ter mais nenhum resquício da história deles: não tem documentos, não tem fotos, não tem mais nada”, lamentou.

A coordenadora da Comissão de emergências e desastres defendeu a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) na resposta aos desastres, destacando sua capilaridade e capacidade de chegar aonde outros serviços não chegam. No entanto, alertou para a necessidade de preparar o sistema e seus profissionais para lidar com as demandas de saúde mental em grandes catástrofes. “O sistema não está preparado”, afirmou, enfatizando a importância de investir em educação continuada para as equipes e na criação de políticas públicas específicas para desastres, que considerem a singularidade das vivências e o longo prazo da recuperação. “O trabalho continua, principalmente depois que a mídia sai. É um trabalho longo, por isso o SUS é tão importante”, concluiu.

A psicóloga também alertou para a falta que o tema de emergências e desastres faz na faculdade, fala sobre os eventos sobre esse tema que o Conselho sempre faz para orientar a categoria e do risco de instrumentalização da tragédia por parte de voluntários e da própria categoria, que podem, mesmo com boas intenções, acabar revitimizando as pessoas ao oferecer soluções rápidas e mágicas ou ao tentar forçar a fala em um momento de choque e luto. “Vamos simplesmente acolher e que aquela pessoa saiba que ela tem com quem contar. No momento que ela quiser ficar quietinha, ela tem com quem ficar quietinha; no momento que ela quiser falar, ela vai ter com quem falar”, recomendou.

Ouça a entrevista completa acessando o site https://www.brasildefato.com.br/2024/05/16/brasil-ainda-nao-possui-uma-politica-de-saude-mental-para-grandes-desastres-aponta-especialista

#DescriçãoDaImagem: card com identidade visual da comissão de emergências e desastres, com fundo marrom, linhas e círculos nas cores amarelo verde e azul no tipo, logo do CRP-RJ 50 anos e o seguinte texto “É PRECISO ACOLHER A DOR”: PSICÓLOGA DO CRP-RJ PARTICIPA DE PODCAST E ALERTA PARA A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MENTAL EM DESASTRES. Victoria Gutiérrez (CRP 05/20157). Ouça a entrevista completa acessando o link de download na descrição.