Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio – Setembro Amarelo

Categoria(s):  NOTAS, Notícias, SAÚDE   Postado em: 10/09/2015 às 11:20

SET1115A campanha Setembro Amarelo tem como objetivo discutir abertamente o suicídio, tirando-o da penumbra que sempre o envolveu, como uma espécie de tabu. Por ser tema de alta relevância, o Ministério da Saúde elaborou um Manual de Prevenção (2006) dirigido aos profissionais das equipes de saúde mental que atuam nas unidades públicas de atendimento e, também, o Conselho Federal de Psicologia distribuiu gratuitamente e divulgou em seu sítio uma publicação intitulada Suicídio e os desafios para a Psicologia(2013).

Dados apontam que para cada pessoa que se mata, pelo menos outras seis são impactadas diretamente. O suicídio é considerado um problema de saúde pública e, no mundo, há um suicídio em espaço de tempo de menos de um minuto. Em nosso país, um brasileiro tira a sua própria vida a cada 45 minutos. Estima-se que o número de tentativas de suicídio supere o número de suicídios em pelo menos dez vezes.

Há mais de quatro décadas, o suicídio vem se deslocando, em termos de ocorrência percentual, do grupo dos mais idosos para o de pessoas mais jovens, entre 15 a 45 anos. Na faixa etária entre 15 e 35 anos, o suicídio está entre as três maiores causas de morte.

Nós, psicólogas(os), profissionais da saúde mental, inseridos em clínicas, unidades de assistência e hospitais (púbicos ou particulares), ou mesmo em consultórios privados, já estamos conscientes do importante e delicado papel que temos no contato constante com indivíduos em situação de crise, quando o risco de suicídio pode ser maior. Ao mesmo tempo, devido à perda de muitas vidas e ao impacto nos familiares e em círculos próximos, as(os) psicólogas(os) vêm, cada vez mais, participando de debates, estudos e pesquisas sobre o tema.

Sabedores de que as subjetividades também são produzidas sócio-historicamente, estamos ética e inexoravelmente comprometidos no desvelamento das diversas conjunturas em que se evidenciam limites da existência, nas quais o suicídio também pode ocorrer, até mesmo em massa, como em situações de extrema violência contra grupos étnico-raciais tradicionais, grupos religiosos de matrizes africanas, ou mesmo populações pauperizadas das periferias – e outras também muito vulneráveis, como a população trans –, principalmente quando atrocidades contra elas cometidas são tratadas pelo restante da sociedade com total indiferença ou até mesmo com aprovação.

Como apenas um exemplo, podemos citar as informações publicadas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), vinculada ao Ministério da Saúde, que aponta que 135 indígenas cometeram suicídio em 2014, apenas no Mato Grosso do Sul – maior número em 29 anos.

Conscientes de que a indiferença social também pode levar ao suicídio, procurando ir além do julgamento moral e individualizante acerca do acontecimento, e reconhecendo que situações de violações de direitos, extrema violência, abandono por parte do Estado, intolerância contra grupos minorizados politicamente, também tendem a aumentar essas estatísticas, o Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro adere à campanha Setembro Amarelo e convoca as(os) psicólogas(os) à reflexão sobre a grande e crescente ocorrência de suicídios motivados por essas situações, para além dos dramas individuais e em decorrência de transtornos mentais.

 

Setembro de 2015