Reunidos nos dias 8 e 9 de dezembro na Universidade Sagrado Coração, em Bauru (SP), cerca de 1.800 pessoas – entre usuários, familiares, técnicos, pesquisadores e militantes de Saúde Mental – participaram deste grande evento da Luta Antimanicomial. Era a comemoração dos 30 anos da Carta de Bauru, o primeiro documento oficial dos trabalhadores de Saúde Mental por uma sociedade sem manicômios e que se tornou marco histórico da luta pela Reforma Psiquiátrica no Brasil.
Diversas delegações vindas de toda a parte do país movimentaram os dois dias de evento, que teve uma programação vasta de atividades culturais, debates, rodas de conversa, plenárias, feira de saúde mental e economia solidária.
O campus universitário foi, nesse período, palco de muito debate sobre a política de Saúde Mental e também de resistência diante dos graves retrocessos propostos pela Coordenação Nacional de Saúde Mental.
Ao todo, foram 14 temas abordados nas rodas de conversa (álcool e outras drogas, desinstitucionalização, direito à cidade, geração de renda, direito à diferença, infância e juventude, entre outros), retratando a atual situação da Saúde Mental no Brasil e apontando estratégias de luta e resistência.
“Mas também tivemos atividade fora da universidade. Foi assim quando ganhamos as ruas e mostramos à população que o movimento da Luta Antimanicomial resiste. As ruas de Bauru ficaram cheias de vida, cores e músicas. ‘Eu sou do CAPS, eu sou legal, eu sou da Luta Antimanicomial’, gritava uma usuária ao microfone do carro de som. Foi assim que demos visibilidade, nas ruas da cidade, ao que queremos para a Saúde Mental. Queremos seguir com a política vigente! Queremos aprofundá-la! E não modificá-la, descaracterizá-la”, defende a conselheira-presidente da Comissão de Psicologia e Saúde do CRP-RJ, Rita Louzada (CRP 05/11838), representante do CRP-RJ no encontro.
“Enfrentar muitas horas de viagem, o calor da cidade e assim mesmo fazer os debates, votar carta de princípios, tudo isso feito com vigor e alegria ao longo do evento. Foram dias emocionantes, de encontros e trocas. A Escola de Samba Viradouro esteve por lá, vários grupos de usuários e técnicos mostraram também seus talentos. Agradecemos a todos! Participantes, apoiadores e organizadores desse encontro de 2017! Agradecemos em especial ao Sistema Conselhos de Psicologia, parceiro de primeira hora da Reforma Psiquiátrica Brasileira, que mais uma vez não deixou de se fazer presente!”, relatou a conselheira do CRP-RJ.
Resultado desses dias de debates e encontros, a Nova Carta de Bauru, aprovada por unanimidade ao final do evento, faz uma retrospectiva histórico-política da Luta Antimanicomial e mostra que o movimento está vivo e segue lutando por uma sociedade sem manicômios. Clique aqui e confira o documento na íntegra!
