CRP-RJ participa de mobilização pelos direitos da população em situação de rua em Bangu

Categoria(s):  DIREITOS HUMANOS, Notícias, SAÚDE   Postado em: 31/08/2016 às 11:40

O CRP-RJ esteve presente no calçadão de Bangu, Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 25 de agosto, participando da mobilização pelos direitos da população em situação de rua. A tarde foi de muita animação com músicas e poemas realizados pelos grupos Coletivo Cativante do Amor e Grupo de Pagode da Unidade de Reinserção Social de Realengo, entre outros. Houve também exposição de quadros de artistas sociais. Alguns serviços foram oferecidos a pessoas em situação de rua, como teste rápido de HIV/AIDS, hepatite e sífilis, emissão de documentos e corte de cabelo, além da distribuição de preservativos e lanches.

A mobilização teve o objetivo de marcar a importância do dia 19 de agosto, quando se celebra o Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua. A data foi estabelecida após um triste episódio envolvendo o massacre de sete pessoas em situação de rua no centro de São ato na ruaPaulo: entre os dias 19 e 22 de agosto de 2004, 15 pessoas foram violentamente atacadas enquanto dormiam nas ruas no centro da cidade, sendo que 7 delas morreram.

A colaboradora da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ, Claudia Ferreira Pinto da Silva (CRP 05/19503), esteve presente no ato e afirmou que a defesa dos Direitos Humanos e o debate sobre as relações raciais são temáticas transversais às causas defendidas pelo movimento em prol dos direitos das pessoas em situação de rua. “Não podemos esquecer que a maioria da população de rua é negra e isso tem que ser discutido e falado entre os psicólogos”, acrescentou a colaboradora do CRP-RJ.

Além do CRP-RJ, o grande ato público contou com a participação de equipes multidisciplinares de diversos equipamentos relacionados à atenção à população em situação de rua, tais como CREAS, CAPS, CAPSI e Consultório na Rua, além de representantes da Arquidiocese do Rio, do Coletivo Cativante do Amor e do Instituto Casa Viva.

A assistente social e representante da Arquidiocese do Rio (Vicariato Oeste), Maristela de Miranda Eduardo, disse que o evento é feito para que a população de rua “conheça a rede de atendimento e, assim, tenha um leque de opção para suas necessidades”.

“Pessoas em situação de rua são seres humanos que tiveram a oportunidade de conhecer o lado obscuro da vida. Todos nós estamos sujeitos a ser um deles”, disse José Luiz Germano, representante do Conselho Municipal de Assistência Social.

ato na rua 2Uma ex-moradora em situação de rua de 19 anos, que preferiu se identificar como Joice, conversou com o CRP-RJ durante o ato e prestou um emocionante depoimento. “Eu e meu marido fomos amparados pelo Consultório na Rua, através da Clínica da Família de Realengo, e conseguimos nos realocar na sociedade. Agora, somos voluntários do Consultório de Rua nos eventos para a população de rua. O Consultório de Rua faz com que as pessoas não desistam de suas vidas”.

Joice mencionou, ainda, os medos, o sofrimento e o preconceito que viveu no período em que esteve na rua. “Os moradores de rua são cidadãos e o consultório na rua fez a gente lembrar disso. Ser morador de rua não é vergonha. Vergonha são as maldades que fazem conosco”.

A Comissão de Saúde do CRP-RJ, grande apoiadora do ato, enfatiza a importância de as (os) psicólogas (os) que atuam junto a esta população desenvolverem uma prática de cuidados e atenção pautada pelo compromisso social e em consonância com os princípios fundamentais do Código de Ética Profissional.