CREPOP dá início a ciclo sobre CREAS e SUAS

Categoria(s):  ASSISTÊNCIA, CREPOP, Notícias   Postado em: 22/10/2009 às 11:00
Comissão Regional de Psicologia e Políticas Pública (CRPPP) dá início a mais um ciclo do CREPOP do CRP-RJ: atuação profissional de psicólogos(as) no CREAS e outros serviços especiais de acolhida e atendimento domiciliar do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

Comissão Regional de Psicologia e Políticas Pública (CRPPP) dá início a mais um ciclo do CREPOP do CRP-RJ: atuação profissional de psicólogos(as) no CREAS e outros serviços especiais de acolhida e atendimento domiciliar do Sistema Único de
Assistência Social (SUAS).

Com participação expressiva de psicólogos, estudantes de Psicologia e assistentes sociais, a Comissão Regional de Psicologia e Políticas Pública (CRPPP) dá início a mais um ciclo do Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) do CRP-RJ: atuação profissional de psicólogos(as) no CREAS e outros serviços especiais de acolhida e atendimento domiciliar do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O primeiro encontro ocorreu em 16 de outubrona cidade de Angra dos Reis.

O colaborador da CRPPP Thiago Régis abriu o evento explicando que o objetivo é realizar, junto à categoria de psicólogos, uma pesquisa em torno de suas práticas. “O CREPOP é responsável por fazer uma pesquisa dos dispositivos públicos da assistência social para, assim, pensar o público e, inclusive, o papel do Estado nisso tudo.”.

Thiago ressaltou que a ideia dos ciclos do CREPOP é “construir coletivamente com os que estão no dia-a-dia da prática referências, e não normas, para essa atuação”. Ele lembrou também a importância de o psicólogo responder ao questionário on-line (já disponível no site do CREPOP nacional), já que, segundo ele, todas as informações que não forem mapeadas nos encontros presenciais serão coletadas por meio do preenchimento do questionário.

O psicólogo Lindomar Expedito Silva Darós (CRP 05/20112), conselheiro do CRP-RJ e coordenador da CRPPP, afirmou que o CREPOP do Rio prefere trabalhar nos encontros com uma oficina sociodramática, o que, conforme afirmou, é importante por “incentivar a interação e a troca entre os presentes”. O conselheiro, então, convidou os participantes a formarem duplas e apresentarem o parceiro em primeira pessoa, para, logo após, apresentarem-se a si próprios.

A encenação e o debate

Em seguida, os presentes reuniram-se em grupos para eleger uma história, baseada em situações do cotidiano profissional, para a encenação. O caso escolhido, denominado História Indefinida, foi sobre uma mulher de 43 anos, Maria, casada com João, 45, mãe de um menino de 13 anos e de uma menina de 7, e que decide procurar orientação junto a um dispositivo de assistência social (CRAS) por conta do filho que abandona a escola e se envolve com drogas.

No momento do atendimento psicossocial com a psicóloga e a assistente social, Maria revela também que seu marido, desempregado e alcoólatra e a agride, Após uma visita desses profissionais à casa de Maria, a equipe multiprofissional do Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) elabora um relatório e solicita a parceria do  do Centro de Referência Especializado em Assistência Social (CREAS) para darem prosseguimento ao atendimento. Por fim, a equipe do CREAS entra em contato com o Conselho Tutelar e com o CAPSi, para também esses dispositivos darem conta da demanda daquela família.

Durante o debate que seguiu a encenação, algumas questões foram levantadas, tais como: o excesso de demanda que chega à equipe de um CRAS ou mesmo do CREAS; o modo como se dá a formação psi e se ela, de fato, está atenta às mudanças que acontecem quando a Psicologia assume um fazer público; e quais são as afetações da prática do psicólogo dentro do SUAS.

Sobre o encaminhamento dentro da rede de assistência, uma psicóloga disse que ele pode se dar de diversas formas, mas ponderou: “É impossível haver qualquer tipo de encaminhamento sem que haja uma escuta prévia das partes”.

Outra psicóloga afirmou, por sua vez, que, no trabalho de acompanhamento de um caso de agressão intrafamiliar, por exemplo, o agressor deve ser sempre incluído no plano de ação com a família, embora os agressores ainda sejam, segundo ela, muito resistentes ao acompanhamento.

Uma assistente social complementou, lembrando que o foco do acompanhamento deve ser sempre a vítima, mas reiterou também a importância de se realizar um trabalho com toda a família. “Nosso foco deve ser mesmo a vítima, mas gostaríamos de dispor de mais recursos para realizar um amplo trabalho de acompanhamento com a família inteira e, inclusive, o agressor, o que, infelizmente, nem sempre é possível”.

Outro ponto de discussão foi o limite de atuação entre um CRAS e o CREAS.  De acordo com a lei instituída, o CREAS deverá ser acionado quando houver total violação dos direitos humanos, porém a linha de separação entre o que é violação total ou não é muito tênue, impossibilitando uma divisão clara dos papéis dessas entidades.

No entanto, uma psicóloga alegou que, “sendo violência, tudo acaba por parar no CREAS e a equipe não consegue dar conta da demanda”. Outro presente ponderou que é preciso entender o conceito de direitos violados e acentuou que o importante é “manter uma estratégia de comunicação contínua entre o CRAS e o CREAS e ampliar a interação entre essas duas pontas”.

Na avaliação de uma participante, um fator complicador dentro do SUAS são as condições de trabalho dos profissionais, muitas vezes precárias. “Não há política pública se não há condições mínimas de trabalho para que os profissionais dessas equipes possam efetiva essa política”.

Já para uma outra psicóloga, um grande problema está na capacitação dos profissionais que atuam na rede. “Eu, por exemplo, atuava na área da Saúde e fui remanejada para a Assistência, sem que houvesse capacitação prévia para tal. Hoje eu estou muito confusa ainda sobre o papel do psicólogo na Assistência, sou a única psicóloga nos dois CRAS em que atuo”, desabafa.

Por fim, foi debatida a necessidade de interação da equipe multiprofissional na rede de assistência. Na fala de uma participante, os profissionais da equipe ficam “perdidos, sozinhos, angustiados porque cada profissional fica isolado na sua atuação”. Para outra, é importante se perguntar “o que um psicólogo espera de um assistente social e o que um assistente social espera de um psicólogo na assistência” para, enfim, promover esse trabalho em conjunto dentro da própria equipe.

O segundo evento do ciclo do CREPOP será no dia 23 de outubro, das 9h às 17h, no Auditório do SINDJUSTIÇA (Travessa do Paço, 23, 13º andar, Centro, Rio de Janeiro). Para mais informações, escreva para crepop@crprj.org.br.