CICLO DE DEBATES DO CONTROLE SOCIAL, NA SEDE DO CRP-RJ, DISCUTE SOBRE POLÍTICAS PÚBLICAS, DIREITOS HUMANOS E PRÁTICAS ANTIRRACISTAS

Categoria(s):  Notícias, POLÍTICAS PÚBLICAS, RELAÇÕES RACIAIS, Últimas Notícias   Postado em: 18/08/2022 às 09:21

WhatsApp Image 2022-08-11 at 10.54.43No último dia 05 de agosto, no auditório da sede do CRP-RJ, a Comissão Regional de Psicologia e Políticas Públicas (CRPPP) – Controle Social, juntamente da Comissão Regional de Direitos Humanos (CRDH), realizou o primeiro encontro do ciclo de debates que tem como tema a “Garantia de direitos humanos e políticas públicas: qual é o papel da Psicologia?”.

O evento teve como objetivo refletir sobre a atuação da Psicologia nos espaços de construção das políticas públicas, comprometida com a defesa dos direitos humanos e as práticas antirracistas. Ele foi aberto pela conselheira coordenadora da CRPPP – Controle Social e da CRDH, Conceição Gama (CRP 05/39882), que salientou a importância da atuação das psicólogas nos conselhos de direitos e políticas públicas e do compromisso da categoria com os direitos humanos.

WhatsApp Image 2022-08-24 at 10.26.02“É importante que a categoria saiba que a Psicologia tem a ver com as políticas públicas e, nós do CRP-RJ, temos participação ativa nos conselhos de direitos do estado do Rio de Janeiro. A nossa atuação não é só dentro das políticas públicas, enquanto psicólogas nos equipamentos. E, quando estamos construindo políticas públicas, temos que lembrar que continuamos totalmente compromissadas com os Direitos Humanos, com a Constituição Federal, com a garantia de que marcadores como os de raça, classe, território, orientação sexual, identidade de gênero, deficiências sejam considerados no processo de subjetivação das pessoas que fazem uso das políticas públicas. Nosso posicionamento na defesa das(os) usuárias(os) é inegociável. Entramos nesses espaços fazendo resistência, principalmente nesse período dos desmontes”.

Em seguida, a palestrante convidada, integrante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, Jaqueline de Jesus (CRP 05/49337), lembrou sobre a atual campanha das comissões de direitos humanos do Sistema Conselhos de Psicologia, “Racismo é coisa da minha cabeça ou da sua?”, e relatou sobre a sua trajetória e enfrentamentos raciais que sofrera.

“Eu era muito questionada se eu poderia estar numa Universidade. Meu pai trabalhava na Universidade e uma pessoa perguntou se ele havia me ajudado a entrar, ou seja, sugerindo que meu pai poderia ter interferido no sistema. Ali eu já sabia que era uma questão de racismo” e completou, “o racismo está muito presente nesse espanto, principalmente de ter estudantes negros e negras”.

A mesa também foi composta pela coordenadora da Comissão Gestora da Subsede Norte Noroeste Fluminense, Carla Meirelles (CRP 05/42300), que também é representante do CRP-RJ no Conselho Municipal de Direitos das Mulheres de Campos dos Goytacazes. Ela reforçou a importância das práticas antirracistas, em especial na escuta de mulheres, nos serviços hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS).

“Precisamos ser antirracistas a todo momento, lutar contra a discriminação e o preconceito todos os dias, por que essa mulher – que entra no hospital, violentada, violada de todas as formas – é mais que um dado. Enquanto psicóloga hospitalar, temos o papel de ouvir, acolher, observar o caso e encaminhar para a rede, principalmente num hospital de socorro”.

“Minha escuta precisa ser diferenciada, precisa ser de empoderamento, atenta ao contexto em que essa mulher vive. Muitos falam sobre a Lei Maria da Penha, que precisamos empoderar essa mulher para que ela denuncie seu agressor, mas eu preciso entender o contexto dela. É necessário entender onde ela vive, se ela tem filhos, se tem uma rede de apoio, se ela vai conseguir ir até a DEAM (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), quando sair do hospital. Isso faz com que a psicóloga tenha um olhar muito mais atuante na luta pela política pública, não só no caso das mulheres – exemplo que citei -, mas de todas”, completou.

WhatsApp Image 2022-08-24 at 10.25.52Fechando a mesa, a conselheira da atual plenária e representante do CRP-RJ no Conselho Estadual LGBT, Céu Cavalcanti (CRP 05/57816), levantou questionamentos sobre a atuação da categoria nos espaços de controle social, destacando como “são espaços onde se briga para que a vida seja um pouco mais digna”.

“Os espaços de controle social – na minha leitura – estão numa composição que convoca a Psicologia a pensar: como as políticas públicas estão sendo construídas e como fazemos a regularização e a fiscalização dessa política, como que a gente entende se ela está chegando onde deveria chegar e como brigamos para ela chegar onde tem que chegar e ser da forma que a gente acha que deveria ser. Então esses espaços de fóruns, núcleos e comissões, espaços externos que a gente como entidade consegue ter acesso, são fundamentais”, afirmou.

Ao final das falas, um espaço de perguntas e debates foi aberto ao público presente.

*Os certificados serão enviados para o email cadastrado no evento em até 30 dias. Caso não receba, favor entrar em contato pelo endereço eletrônico crppp.administrativo@crprj.org.br .