25ª “Rodas e Encontros” debate o suicídio a partir do jogo “Baleia Azul” em Nova Iguaçu

Categoria(s):  Notícias, SUBSEDE BAIXADA   Postado em: 06/06/2017 às 12:53

O CRP-RJ, por meio da sua Comissão Gestora na Baixada, com apoio do NIDH (Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano), realizou, no dia 17 de maio, em Nova Iguaçu, a 25ª edição do “Rodas e Encontros” para debater o tema “Suicídio… E quando a morte é mais suave?O objetivo foi discutir o suicídio a partir da emergência do jogo “Baleia Azul” e seus impactos nas redes sociais em nível nacional.

O evento lotou o auditório do Hotel Mercury de profissionais e estudantes de Psicologia para pensar o papel da (o) psicóloga (o), como profissional de Saúde Mental, nesse complexo contexto implicando  “vida  e  morte”,  seus riscos e vulnerabilidades contemporâneas.

Participaram como debatedores Maíra Andrade Madeira (CRP 05/32352), psicóloga, orientadora vocacional com foco em Avaliação Psicológica e do NIDH (Núcleo Integrado de Desenvolvimento Humano), Suely Martins da Silva (CRP 05/27320),psicóloga e coaching, atua com adolescentes e pais no Projeto “Valorização da Vida, e Tiago Santos (CRP 05/47737), psicólogo existencialista, coordenador de acolhimento da rede “Jovem Rio Mais”, uma rede estadual de adolescentes e jovens que vivem e convivem com HIV/AIDS.

baixada 1A conselheira-coordenadora da Comissão Gestora da Baixada, Mônica Sampaio (CRP 05/44523), deu início ao evento destacando a importância desse debate, que implica a (o) psicóloga (o), como profissional de Saúde Mental, e aponta para a necessidade de ampliação de políticas públicas.

Maíra iniciou o debate explicando que o termo “Baleia Azul” refere-se a um suposto fenômeno surgido em uma rede social russa, ligado ao aumento de  suicídios de adolescentes. Segundo a psicóloga afirmou, acredita-se que o jogo esteja relacionado a mais de cem casos de suicídio pelo mundo. No jogo, os adolescentes são convocados para grupos fechados em redes sociais e devem cumprir alguns desafios, tais como mutilar os braços com facas, assistir a filmes de terror na madrugada e, na reta final, cometer suicídio. Dias antes do evento, o jovem russo Philipp Budeikin, suspeito de criar o jogo, foi preso, confessando seus crimes e dizendo que suas vítimas eram “lixo biológico”.

A psicóloga, então, apresentou o seguinte questionamento: “afinal, por que muitos adolescentes estão entrando nesse jogo se sabem que o desafio final é o suicídio?”. A partir daí, Maíra apresenta os sinais de atenção que antecedem o suicídio em crianças e adolescentes, tais como:  abuso de drogas; quadro de depressão; alterações de conduta;  gestações precoces; abusos e maus-tratos; e autolesões, entre outros.

Suely, por sua vez, falou sobre o suicídio a partir da sua experiência profissional com adolescentes na clínica e com o projeto “Pela Vida”, desenvolvido no Colégio Meriti, em São João de Meriti, desenvolvido com jovens do Ensino Médio. Ela citou o caso de uma jovem estudante dessa escola que, ao chegar em casa da escola, se enforcou.

baixada 2“Mediante esse fato, foi desenvolvido um trabalho com toda a equipe do colégio: alunos, direção, professores e  trabalhadores dos serviços gerais. O objetivo do trabalho foi sensibilizar a comunidade escolar para as possibilidades  de um olhar diferenciado em relação aos alunos e as  disponibilidades para escuta”, afirmou.

“A frase ‘quem quer se matar não avisa’ é uma grande mentira”, afirmou Tiago, logo no início de sua fala. “Estatísticas mostram que as pessoas que se mataram avisaram com tempo aproximado de três meses antes da efetivação do suicídio. Quando a pessoa suicida fala sobre sua intenção, parece um modo de elaboração do ‘ato final’. No entanto, o suicídio é paradoxal, entende-se que a pessoa suicida não deseja morrer; apenas viver uma viva que não seja a que está vivendo. Estamos na vida e conhecemos o que é viver. O morrer é a porta que não foi tentada, é a porta que ainda não foi aberta, o que está depois dela? Encontraríamos a vida que desejamos viver? Interrogações como essas norteiam motivações e imaginários suicidas, apenas para exemplificar. Com estes e outros sinais e compreensões, considera-se que o suicídio pode ser prevenido e evitado”, defendeu o psicólogo.

Após as falas da mesa, aconteceu um debate entre os participantes, no qual destacou-se, como possíveis razões para o aumento do índice de suicídios entre os jovens, a insensibilidade social, a falta de atenção aos jovens, a “naturalização” de características da adolescência que, em grande parte dos casos, servem de sinais de alerta para buscar ajuda profissional e familiar.