22 anos da Subsede Baixada é comemorado com o 50º Cine Psi “Psicologia e Relações Raciais”

Categoria(s):  Notícias, RELAÇÕES RACIAIS, SUBSEDE BAIXADA   Postado em: 16/11/2016 às 15:13

O auditório da Cruz Vermelha de Nova Iguaçu recebeu, no final da tarde do dia 8 de novembro, a 50 ª edição do Cine Psi em comemoração ao aniversário de 22 anos de fundação da Subsede do CRP-RJ na Baixada.

Promovido pelo CRP-RJ, o evento teve como temática “Psicologia e Relações Raciais”. O filme exibido foi um documentário do diretor Conrado Krainer chamado “Pele negra, máscara branca” de 2006, baseado no livro homônimo do psiquiatra Frantz Fanon.

O filme aborda as questões ideológicas do branqueamento social, fenômeno em que negros sentem vergonha de assumir sua cor com medo de não serem aceitos na sociedade. A indústria cultural também foi abordada criticamente no documentário por caracterizar de modo negativo a imagem da negritude.

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Debate

A mesa de debates teve como mediadora Érika Barbosa de Araújo (CRP 05/50040), psicóloga e integrante da Comissão Gestora do CRP-RJ na Baixada. Participaram como palestrantes as psicólogas Fabiane de Souza Vieira (CRP 05/28527), especialista em Clínica Psicanalítica pelo IPUB/UFRJ e pesquisadora na área de Direitos Humanos, Laicidade e Liberdade Religiosa, e Jacqueline dos Santos Soares (CRP 05/41408), colaboradora do CRP-RJ no Fórum Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente de Duque de Caxias e membro da Comissão Gestora da Baixada.

Fabiane deu início ao debate destacando que havia se identificado, como mulher negra e como psicóloga, com o conteúdo exibido no documentário. “Assistimos no documentário que a maioria das pessoas se declarava de pele parda ou amarelada e isso tem relação com a necessidade de distanciamento da sua pertença étnico-racial para ser aceito nesta sociedade.”

Fabiane afirmou também que a “branquitude é um lugar simbólico de privilégios subjetivos e objetivos” enquanto que a negritude seria uma resposta ao racismo e a afirmação da defesa do direito à diferença. A psicóloga apontou, ainda, a eugenia que prevaleceu como justificativa científica em determinado momento histórico para embasar o racismo, a higienização dos espaços públicos com consequente migração da população negra dos grandes centros e a marginalização da cultura e religião negra.

Por fim, Fabiane lembrou a Resolução do Conselho Federal de Psicologia nº 018/2002, que veda à (ao) psicóloga (o) práticas de discriminação racial e étnica. “Racismo é um mal que adoece a todas as pessoas, brancas ou negras. O psicólogo tem um compromisso ético de combater o racismo e defender a diferença, conforme a Resolução do CFP nº 018/2002”.

Jacqueline, que foi integrante da Comissão Regional de Direitos Humanos do CRP-RJ entre 2013 e 2016 no Eixo Psicologia e Relações Raciais, ressaltou que um dos objetivos do trabalho desenvolvido pela CRDH era construir debates com o mesmo tema do evento para, assim, poder “ouvir os psicólogos e conhecer suas práticas profissionais para, assim, saber como a questão do racismo chega até esses profissionais, seja no consultório particular, seja na escola ou em qualquer outro espaço institucional”.

O evento também contou com a participação de estudantes do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – campus Nova Iguaçu, que participavam da ocupação da mesma em um ato de manifestação contra a PEC 241 (atual PEC 55), pela derrubada do Projeto de Lei “Escola sem Partido” e contra o projeto de reforma curricular da educação.

A comemoração do aniversário da Subsede Baixada e a confraternização entre os psicólogos e estudantes presentes ocorreram logo após o debate, quando a conselheira-presidente da Comissão Gestora da Baixada, Mônica Valéria Affonso Sampaio (CRP 05/44523), agradeceu a presença de todos e afirmou que o Cine Psi é uma conquista da Subsede, pois “mantém acesa a chama do debate”.