Em 2 de março, a Casa dos Conselhos, localizada no Centro de Petrópolis–RJ, recebeu o CRP-RJ para o evento “A Dessemelhança é a Chave, Abram os Portões – Alteridade como compromisso da Psicologia”.
Sucesso absoluto, o evento contou com quase 100 participantes credenciados que lotaram o local com profissionais e estudantes para a troca de experiências sobre acessibilidade e direito à cidade.
Para acompanhar na íntegra como foi o evento, acesse o canal oficial o do CRP-RJ no YouTube @realCRPRJ
Abertura InstitucionalParticiparam da mesa de abertura institucional Julia Horta Nasser (CRP 05/33796), psicóloga, conselheira secretária do CRP-RJ, Victoria Gutierrez (CRP 05/20157), psicóloga, conselheira do CRP-RJ, coordenadora da Comissão Gestora da Região Serrana, Comissão Especial de Estudantes, Comissão Especial de Psicologia em Emergências e Desastres e do Eixo de Políticas sobre Álcool e outras Drogas, especialista em Terapia de Família e Casal (IPUB – UFRJ) e no atendimento a usuários de drogas (PROJAD/IPUB – UFRJ), Rodrigo Acioli (CRP 05/33761), representante do Conselho Federal de Psicologia, Tiago Ezequiel, coordenador da Casa dos Conselhos e com apresentação do estudante do 7º período Psicologia (Centro Universitário Serra dos Órgãos, Teresópolis/RJ) Wilber Rodrigues do Canto, monitor em Psicologia Social, estagiário no CAPS Guapimirim e organizador da 1ª Jornada pela Luta Antimanicomial do curso de Psicologia do Unifeso.
A coordenadora da Comissão Gestora da Região Serrana, Victoria Gutierrez, abriu o evento falando da alegria e importância em poder discutir a temática sobre as barreiras que são enfrentadas por quem precisa de acessibilidade.
Tiago Ezequiel, coordenador da Casa dos Conselhos, falou sobre a parceria da casa, que abriga a diversidade e a pluralidade, com o CRP-RJ e agradeceu ao Conselho e à Psicologia, sempre presente no apoio aos momentos desafiadores da cidade.
Julia Nasser, conselheira secretária do CRP-RJ, enfatizou a defesa intransigente dos direitos humanos como base para a construção de uma Psicologia plural, laica, inclusiva, atenta aos marcadores sociais das diferenças, sendo um dos pilares centrais da atual gestão do CRP-RJ em conjunto com outro pilar, igualmente importante, o qual é a Interiorização. Júlia convidou a todas(os) para participarem dos eventos que serão realizados em todo o estado ao longo do ano.
Representando o CFP, Rodrigo Acioli agradeceu por poder participar do evento com um tema importante que o CRP-RJ levanta para orientar a categoria. O psicólogo ainda correlacionou o tema do evento com o próximo CNP – Congresso Nacional de Psicologia, que terá como tema principal a pluriversalidade, que fala sobre o respeito a limitação e singularidade de cada um.
O estudante e apresentador do evento, Wilber Rodrigues, falou da importância de estar juntos para debater principalmente a violência que as mulheres sofrem, ainda mais no caso de deficiência e falta de acessibilidade.
Mesa 1: Alteridade da Cidade – Relatos de Uma Cidade InacessívelA primeira mesa do evento debateu Alteridade da Cidade – Relatos de Uma Cidade Inacessível e foi formada por Danielle Leite de Oliveira Gusmão (CRP 05/54323), psicóloga, especialista em Logoterapia e Análise Existencial, mestra em Psicologia pela UCP, doutoranda em Psicologia pela UFF, colaboradora no Eixo de Políticas e Práticas Anticapacitistas e membro da Comissão Especial de Psicologia Clínica do CRP-RJ e autora do livro (Re) Existência: Um Olhar Sobre a Deficiência, Reginaldo Lima de Moura Muniz, doutor e mestre em Educação pela Universidade Federal Fluminense, licenciado em Filosofia e História, atualmente leciona no Cefet, estuda e pesquisa o cotidiano dos encontros nas cidades, a partir da linguagem, da cultura e dos processos formativos, Thais Lourenço (CRP 05/62992), psicóloga clínica, mestranda no programa da pós-graduação em Relações Étnico-Raciais (PPRER) – Cefet/RJ, pós-graduada em Direitos Humanos, Saúde e Racismo pela FIOCRUZ, bacharel em Psicologia pela UNISUAM-RJ, técnica em Produção Cultural e de Eventos pela ETEAB FAETEC, pesquisadora e integrante do Orì – Grupo de Pesquisa em Raça, Gênero e Sexualidade, co-fundadora do Projeto de Relações Étnico-Raciais Sankofa na UNISUAM-RJ, colaboradora da Comissão Especial de Eventos e colaboradora da Comissão Especial de Relações Étnico-Raciais do CRP-RJ e co-coordenadora da ANPSINEP-RJ e na mediação Juliana Gabriel Pereira (CRP 05/29063), psicóloga, conselheira e coordenadora da Comissão de Meios e Soluções Consensuais de Conflitos (COMSCC) do CRP-RJ e mestre em Mediação e Negociação de Conflitos pela IUKB / APEP (Institut Universitaire Kurt Bosch – Suíça / Argentina – Buenos Aires).
Danielle Leite falou sobre o tema “PCD e o Feminino: Experiência de Acessibilidade na Cidade”. Mulher com deficiência adquirida há 20 anos, Danielle trouxe o olhar de quem foi surpreendida por uma paralisia após um tumor cerebral. Isso acarretou mudanças em sua vida e a fez olhar por outro ponto, a questão da acessibilidade, sendo um tema que é para todos, e como ela tentava esconder sua deficiência para ser mais bem aceita na sociedade.
Reginaldo Lima de Moura Muniz falou sobre “Crônicas da cidade: nós somos a cidade”. O professor falou sobre o conceito de cidade e compartilhou experiências que viveu pela capital Carioca que gerou crônicas com histórias e reflexões sobre os cidadãos, seus direitos e deveres, acessibilidade e hospitalidade.
A psicóloga e colaboradora do CRP-RJ, Thais Lourenço, falou sobre “Quem tem direito à cidade? A privatização dos espaços públicos e a mobilização dos afetos na circulação social”. Questionando as(os) presentes “quem tem direito a cidade”, a psicóloga chamou a reflexão das(os) presentes sobre qual corpo e qual local é público ou privado. Ela abordou os lugares onde as mulheres podem frequentar, incluindo as que possuem filhos, a flexibilidade que a mulher precisa ter para habituar aos espaços e sobre a campanha “Meu corpo não é público! Assédio sexual é crime!”, do estado do Rio Grande do Sul.
A conselheira Juliana Gabriel, perpassou o que cada palestrante falou, abordando as mudanças da perspectiva a partir do momento que trazemos as questões do direito de existir, sobre responsabilidade coletiva e o espaço ser pertencente a todos, sobre a perspectiva depender da posição do observador, e que cidade estamos construindo a partir desse olhar e do medo das mulheres de andarem nas ruas sozinhas.
No intervalo das duas mesas do evento, houve a intervenção cultural com a Roda Cultural do CDC, uma Roda Cultural de rima originada em Petrópolis que possui 12 anos de história. Com uma batalha de rimas que falava sobre o cotidiano da periferia, apresentada por Ingrid Freitas, os jovens MC’s Ikki, Freeze e Ingrid Tavares batalharam rimas, empolgaram quem estava assistindo.
Mesa 2: Construindo uma Psicologia Acessível
A segunda e última mesa do dia tratou sobre Construindo uma Psicologia Acessível, sendo composta por Heverton de Souza Muniz Moura (CRP 05/61078), psicólogo, pós-graduado em sexualidade pela Cândido Mendes, colaborador da Comissão Gestora da Subsede Região Serrana, membro do Eixo de Políticas Públicas Anticapacitistas e da Comissão Intergestora de Regionalização e Descentralização do CRP-RJ, Charlene da Costa Bandeira (CRP 05/66070), psicóloga, quilombola, pertencente a dois territórios tradicionais: Quilombo Macanudos e Ilé Asé Aloyá Ìfokàrán, CEO, pesquisadora, palestrante, coordenadora de projetos e movimentos políticos sociais, Ricardo Luiz da Silva Valentim (CRP 05/71643) – O território como possibilidade de construção de sentido no envelhecimento, graduação em Psicologia pela Faculdade Maria Thereza, em Filosofia pela Faculdade São Bento do Rio de Janeiro e em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal Fluminense, hoje atua como Psicólogo clínico segundo a fenomenologia hermenêutica e fazendo especialização em Psicologia Clínica Fenomenológico-Existencial pela NUCAFE e sendo mediada por Bruna Menezes Araujo Peixoto, colaboradora da Comissão Especial de Estudantes do CRP-RJ desde 2020, estudante de Psicologia UNIFASE 10° período e pós-graduanda em Terapia Sistêmica.
Ao abrir a última mesa, o colaborador da Comissão Gestora da Subsede Região Serrana Heverton Muniz falou sobre “Psicologia bilíngue – sujeitos silenciados”. Sua fala iniciou-se em Língua Brasileira de Sinais. Mas a maioria das pessoas não entenderam, pois no recinto, apenas 4 pessoas eram bilíngues. Heverton em sua fala e com a dinâmica inicial, mostrou o quanto as(os) profissionais não têm preparo para receber um paciente surdo. O psicólogo é o único de Petrópolis capaz de atender a minoria, mas a demanda é alta. Heverton ainda falou do contexto histórico da Libras no país, chegando primeiro com Dom Pedro II, da falta de sensibilidade aos surdos quando a cidade está em alerta, já que os avisos de deslizamentos são sonoros e não chega a essa população e as dificuldades dentro dessa clínica que é muito sensível.
Charlene da Costa Bandeira trouxe o tema “Psicóloga quilombola: Caminhos e Possibilidades Para Uma Psicologia Acessível e Que Realmente Acolha”. A quilombola falou sobre a importância do território na vida da comunidade, sobre a Psicologia quilombola não medicalizada e sobre uma Psicologia menos anticolonial, já que foi a colonial quem trouxe o manicômio.
O membro do Eixo de Psicologia Ambiental e Direito ao Território do CRP-RJ, Ricardo Luiz da Silva Valentim, falou sobre “O território como possibilidade de construção de sentido no envelhecimento”. O psicólogo falou sobre o trabalho do Eixo, sobre a relação pessoa-ambiente na Psicologia, sendo uma temática complexa que envolvendo diversas disciplinas, no envelhecimento populacional ser uma preocupação social devido às diversas demandas que surgem, sobre o desafio da inclusão social da pessoa idosa é uma das principais questões e como a psicologia pode contribuir para uma política pública de envelhecimento considerando a geografia da existência.