Setembro Amarelo: precisamos falar sobre o suicídio!

Categoria(s):  NOTAS, Notícias, SAÚDE   Postado em: 05/09/2017 às 10:35

“A clínica do suicídio é uma clínica do limite, da urgência, da dor psíquica extrema. Suas especificidades devem levar o psicólogo a uma reflexão não apenas sobre sua prática, mas também sobre a técnica e a ética que orientam seu exercício profissional. Diante de sujeitos decididos a morrer por meio de um ato radical como o suicídio, independentemente da abordagem adotada, o psicólogo deve estar advertido de que neste ato a dimensão do sofrimento está sempre presente, mesmo em casos em que não esteja configurado um transtorno mental.” – Soraya Carvalho Rigo, em Suicídio e os Desafios para a Psicologia, p. 36

 

Instituída pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2015, a campanha “Setembro Amarelo” tem o objetivo de mobilizar em todo o mundo governos, profissionais de Saúde e a sociedade de um modo geral no debate amplo sobre o suicídio, tirando-o da penumbra histórica que o invisibiliza sob o véu do tabu e da ignorância.

Considerado um grave problema de saúde pública na contemporaneidade, o número de casos de suicídio vem aumentando exponencialmente nas últimas quatro décadas, afetando principalmente a população mais jovem, de faixa etária entre 15 e 35 anos.

O Brasil ocupa a 8ª posição no ranking mundial de países com maior incidência do suicídio. Em média, a cada 45 minutos uma pessoa se suicida em nosso país. Em escala global, de acordo com dados da OMS, cerca de 2.200 suicídios acontecem diariamente.

Entretanto, por mais alarmante que a situação possa parecer, ainda há possibilidade de intervenção: segundo a OMS, 90% dos casos de suicídio podem ser prevenidos e evitados se houver uma rede de atenção e cuidado que promovam um diagnóstico, tratamento e assistência adequados.

Por isso, mais do que nunca a Psicologia precisa falar sobre o suicídio.

setembro_amarelo_postO Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro, portanto, endossa a campanha Setembro Amarelo e convoca as (os) psicólogas (os) à reflexão sobre essa temática, que possui não apenas causas associadas a transtornos de ordem mental, mas também está frequentemente associada a situações de vulnerabilidade socioeconômica, violações de direitos, violência e intolerância contra grupos oprimidos.

Não à toa, a OMS estima que 75% dos casos de suicídio venham de países de média e baixa renda, onde situações de violação de direitos e fragilização socioeconômica são mais comuns.

E nós, profissionais de Saúde Mental, devemos estar atentas (os) a essa preocupante conjuntura, promovendo, através de nossa escuta qualificada, a inclusão e o acolhimento à diferença e ao sofrimento psíquico em meio a uma sociedade que produz violência, silenciamento e adoecimento em diversos níveis.

Vale lembrar que a Psicologia brasileira conta – para além de todo o seu arcabouço científico, técnico e teórico – com duas importantes publicações para auxiliar a (o) psicóloga (o) e demais profissionais integrantes de equipes de Saúde Mental em equipamentos públicos ou privados. Em 2006, o Ministério da Saúde elaborou o Manual de Prevenção ao Suicídio e, em 2013, o Conselho Federal de Psicologia publicou em seu site a cartilha “Suicídio e os desafios para a Psicologia”, ambos disponíveis para download e visualização gratuitos.