Nota de falecimento – Beatriz Sá Leitão

Categoria(s):  NOTAS, Notícias   Postado em: 16/03/2009 às 15:55

O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro comunica, consternado, aos psicólogos e aos lutadores pelos Direitos Humanos, o falecimento, no dia 15 de março de 2009, de Beatriz Sá Leitão. Bia – como ternamente a chamamos todos os amigos – era psicóloga, militante em todos os espaços que ocupou em sua vida profissional e pessoal: no Grupo Tortura Nunca Mais/RJ, em sua equipe clínico-grupal e no CRP-RJ, onde foi conselheira na gestão 2004-2007.

O poeta Carlos Drummond de Andrade diz, em um de seus versos: “De tudo fica um pouco”. De Bia, certamente ficará um exemplo de vida corajosa e iluminada, que possa nos inspirar na escolha de caminhos, na continuidade de nossas lutas.

À Bia, nosso sincero e emocionado adeus.

No dia 17 de março, os amigos de Bia puderam se despedir dela em cerimônia no Salão Ecumênico do Cemitério São Francisco Xavier, no Caju, Rio de Janeiro. Já a missa de sétimo dia ocorreu no dia 23 de março na Paróquia da Divina Providência.

Na edição do dia 18 de março, o jornal Folha de São Paulo dedicou à psicóloga um respeitoso obituário, reproduzido, abaixo, na íntegra:

“Nem as dores do câncer impediram a psicanalista Maria Beatriz Sá Leitão de se debruçar na revisão dos três artigos dos quais é coautora e que estão em ‘Clínica e Política 2 – Subjetividade, Direitos Humanos e Invenção das Práticas Clínicas’. Ela não viveu para ler o livro.

Coautora de outros quatro livros, Beatriz dedicou a vida a amalgamar Psicologia e Direitos Humanos. Como disse a colega e amiga Cacília Coimbra, ‘Bia pensava uma Psicologia crítica, implicada com a realidade brasileira’.

Em 1989, ela integrou a equipe que enviou à ONU o projeto da Equipe Clínico-Grupal Tortura Nunca Mais. O programa dá assistência psicológica a vítimas da violência do Estado, em qualquer tempo, dos anos de ditadura a hoje. Beatriz presidiu a Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de Psicologia – RJ.

Pianista amadora, ela cultuava samba e jazz. Ontem de manhã, no crematório do cemitério do Caju, no Rio, os amigos a homenagearam ao som de Always say good-bye, de Charlie Haden.

Os jovens que a conheceram na década de 80 não esquecem a beleza solar e a generosidade de compartilhar a sabedoria com os amigos do filho – sempre pelas luzes, contra o obscurantismo.
Viúva, ela morreu aos 65. Deixou o filho Sérgio e o neto Henrique,3. sua nora, Luisa, faria ontem à tarde o segundo exame para acompanhar a gestação do bebê que será o segundo neto de Beatriz”.

Foto dos conselheiros e colaboradores do XI Plenário do CRP-RJ.

Bia (quarta em pé da esquerda para direita) entre conselheiros e colaboradores do XI Plenário do CRP-RJ.

 

16 de março de 2009
atualizado em 24 de março de 2009